quinta-feira, 31 de março de 2016

QUEM QUER FAZER HISTÓRIA IRÁ ÀS RUAS DIA 1 DE ABRIL DEFENDER ELEIÇÕES GERAIS DEMOCRÁTICAS JÁ! PARA DERROTAR A DIREITA REACIONÁRIA E OS TRAIDORES DO PT!

[31/3 01:20] Valdi Gonçalves:

É verdade que eleições gerais são uma saída democrática burguesa geralmente usada para, por um lado redirecionar e freiar as lutas da classe às fazendo esperar que os políticos resolvam as questões chaves da sua vida social, econômica e política por elas e assim sanar as crises do regime, e por outro iludir os trabalhadores de que eles mesmos podem, justamente, mudar os rumos da politica e da economia e de que são livres quando a única liberdade política que de fato eles têm é a de escolherem seus próprios opressores para os governarem, ou seja, são livres apenas para escolherem quem os irá explorar, reprimir e enganar, pois mesmo que políticos revolucionários cheguem ao poder por meio de qualquer eleição burguesa que seja a única coisa que poderiam fazer em um estado burguês para transformar a sociedade, seria usar a influência e o poder do seu cargo para mobilizar a classe e facilitar o seu movimento emancipatório, buscando impedir a repressão por parte das classes dominantes, entendendo que só a ação da classe organizada pode destruir o estado opressor, já que as outras instituições do regime impediriam ou mesmo não funcionariam para aplicar medidas que significariam a sua destruição que seria tentar fazer que o processo de transformação da sociedade ou mesmo reformas mínimas que favorecessem os interesses dos explorados ocorressem por vias legais e institucionais.

Mas apesar da desconfiança que se possa ter nesse artifício tático para o combate ao golpe da direita reacionária e a corrupção e aos ataques aos nossos direitos por parte dos governistas que é a antecipação das eleições, em uma democracia que nem de longe é realmente democrática e que está totalmente contaminada/infectada pela corrupção, essa bandeira, conjunturalmente, poderá se tornar para a burguesia como um todo, na maior pedra já vista em seus sapatos, logicamente se for usada de forma inteligente e radicalizada no sentido que devamos exigir que seja a mais democrática possível. Assim, nessas condições se contraporia, mesmo que momentaneamente aos interesses dos setores mais retrógrados da burguesia assim como aos dos pseudos "progressistas".

É um fato, no entanto que sem a intervenção de uma terceira frente de lutas na crise política que nos encontramos, que aponte um novo caminho rompendo com essa falsa bipolarização entre coxinhas e petralhas (direita reacionária e falsa esquerda), a perspectiva mais provável que se avizinha para esse período é a instauração do processo de impeachment por esse congresso e por essa INjustiça burguesa (ambas as instituições corruptas e reacionárias). Processo esse que culminaria na deposição da presidente e na sua substituição pelo seu vice. Esse fato, mesmo sendo uma prerrogativa legal, prevista pela constituição, está sendo utilizada por setores da classe dominante como uma manobra para impor um governo que atenda os seus interesses específicos, na verdade de suas máfias políticas e de grupos econômicos e que devido a isso se constituiria em um governo tão ou mais corrupto que o atual. Assim é nesse sentido que a vitória do impeachment se constituiria um golpe, pois se está sendo defendido para depor corruptos e acabar com a corrupção o que ocorre e que se vê na prática é que por meio dele e nessas condições a mesma só tenderia a auvmentar e a partir de então, com requinte reacionário.

Entretanto, o processo histórico não é linear e assim, na verdade podemos estar as vésperas de um acontecimento único na história do Brasil, que seria pela primeira vez a esquerda revolucionária ser protagonista principal da luta de classes, surgindo como alternativa às falsas esquerdas, mas principalmente afastando de vez a direita reacionária da direção das manifestações contra o governo. O QUE SIGNIFICARIA QUE INDEPENDENTE DE QUE CONSIGAMOS OU NÃO ANTECIPAR AS ELEIÇÕES E MESMO QUE O ATUAL GOVERNO SEJA DERRUBADO PELA VIA DO IMPEACHMENT COMO QUER A DIREITA, O TAL "NOVO" GOVERNO NÃO TERIA NENHUMA SUSTENTAÇÃO POPULAR E CERTAMENTE PASSARIA DE IMEDIATO A SER ALVO DE MANIFESTAÇÕES, ENTRE OUTRAS COISAS, POR NÃO TER SIDO ELEITO PELO VOTO E POR TAMBÉM ESTÁ ENVOLVIDO EM CORRUPÇÃO, COM INQUERITO ARQUIVADO POR NÃO TER HAVIDO UMA INVESTIGAÇÃO MAIS A FUNDO QUE REVELASSE PROVAS MAIS CONTUDENTES. SITUAÇÃO ESSA QUE PODE ACARRETAR NUMA MUDANÇA DE ETAPA NA CORRELAÇÃO DE FORÇAS DA LUTA CLASSES COM OS TRABALHADORES VOLTANDO A OFENSIVA E COM ESSE ESPECTRO REACIONÁRIO, CRESCENTE HOJE NA MENTE DAS PESSOAS, TENDENDO A SER DERROTADO.

E tudo isso certamente se procederia da mesma forma caso se consiga de fato a antecipação das eleições, pois mesmo que o resultado eleitoral seja uma vitória de uma terceira opção burguesa (única possibilidade de vitória para a burguesia em eleições arrancadas pela vontade e imposição do movimento e dos interesses da classe trabalhadora), ainda assim o movimento organizado dos trabalhadores estaria de pé por ter arrancado na marra a antecipação das eleições, obrigando a classe dominante a ter que digerí-la e ter que enterrar o impeachment, além de que esse suposto candidato burguês, para vencer nessas condições teria que se apresentar recuado politicamente, ou seja, em relação ao projeto da burguesia que defende e uma vez logo teria que mostrar suas verdadeiras intenções que certamente são as de atacar nossos direitos e conquistas, o que certamente o desgastaria rapidamente por não ter uma base social de sustentação como tem o PT. Assim, a antecipação das eleições nessas condições, como consequência e exigência da vontade do movimento organizado e da esquerda, nos afastaria do perigo da constituição de um governo reacionário da direita ou simplesmente de um governo burguês forte.

Por isso que é fundamental que tudo que venha a acontecer no cenário político e na luta de classes tenha a firme intervenção do movimento organizado e seja tudo consequência de suas ações e vontades para passarmos a dar as cartas e assim termos tudo sobre controle, o que demonstraria estarem os trabalhadores novamente na ofensiva na correlação de forças da luta de classes.

A  volta da ofensiva da classe com suas lutas e com seu movimento emancipativo, objetivamente terá como consequência dar força a esquerda revolucionária, à forjando organicamente e inclusive política e teoricamente. Ou seja, é a luta de classes junto às condições de desenvolvimento das forças produtivas que irão construir seu braço político revolucionário.

Por isso podemos dizer que essa bandeira democrática burguesa de eleições gerais democráticas, sem direito a reeleição, excepcionalmente nesse momento político que vivemos, ganhou um caráter extremamente revolucionário devido pôr a classe trabalhadora em movimento e em um movimento que além de lutar contra um golpe dos setores mais retrógrados da classe dominante, luta pela primeira vez de forma sistemática contra seus falsos representantes, os quais a décadas os têem manipulados, o que aponta que agora podem rumar para o seu desenvolvendo enquanto sujeito social se não consciente ao menos independente.

terça-feira, 14 de julho de 2015


(Extraído do blog convergência socialista)

A propósito do regime interno dos bolcheviques após Outubro: as frações públicas


Enio Bucchioni escreve sobre o regime interno dos bolcheviques após a revolução de Outubro. O regime interno desse partido deve ser um convite ao estudo e à reflexão para todos os que ainda se mantém fiéis ao leninismo
Delegação bolchevique em Brest-Litovsk. Sentados, desde a esquerda: Lev V. Kamenev, Adolff. A. Ioffe, Anastasia A. Bitzenko. Em pé: V. V. Lipskiy, P. Stučka, Lev D. Trotsky, Lev M. Karakhan
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Enio Bucchioni
Mal triunfada a revolução de Outubro na Rússia, uma polêmica infernal explode no partido bolchevique. Segundo a descrição de Pierre Broué, ela era levada outra vez por Kamenev e diversos outros dirigentes do partido. O processo político em torno desse debate em muito nos ajuda a compreender os motivos do surgimento das frações públicas no partido de Lenine como os bolcheviques lidavam com suas divergências políticas.
Em 29 de outubro, quatro dias após a insurreição, uma reunião do Comitê Central, onde estão ausentes Lenin, Trotsky e Stalin, aprova negociar uma coalizão governamental com os mencheviques e socialistas revolucionários, partidos cujas alas direita abandonaram o II Congresso pan-russo dos sovietes que aprovou a insurreição e a tomada do poder. Os bolcheviques Riazanov – presidente dos sindicatos de Petrogrado em fevereiro – e Lunacharsky – comissário do povo para a Educação – declaram estar de acordo com a eliminação de Lenin e Trotsky do governo se esta for a condição para a constituição da coalizão com todos os partidos socialistas.
Em nova reunião, o Comitê Central rechaça essa postura. Lenin propõe a imediata ruptura de negociações. Já Trotsky quer prossegui-las em busca de condições que darão garantias de respondência aos bolcheviques no seio da coalizão com os partidos que no congresso se opuseram ao poder criado pelos sovietes. A condição seria que aceitassem reconhecer os sovietes como um fato consumado, assumindo suas responsabilidades a este respeito. A proposta de Trotsky é aprovada no Comitê Central.

As frações publicas em luta
Apesar da vitória na proposta de Trotsky, nem todos se sentem contemplados pela deliberação da direção. A partir dela, se inicia, em publico, uma disputa política que extrapola as fronteiras do partido. Segundo Broué
a minoria bolchevique não se resigna, pois crê que a resolução do Comitê Central impedirá, de fato, qualquer tipo de coligação no governo. Kamenev, que segue presidindo o comitê executivo dos sovietes, propõe a demissão do conselho dos comissários do povo exclusivamente bolchevique, presidido por Lenin, e a constituição, em seu lugar, de um governo de coalizão.[1]
Kamenev propõe, publicamente e por fora dos órgãos partidários, a destituição do governo composto por Lenin e Trotsky. Nada mais, nada menos! Em seguida, narra Pierre Broué
[o bolchevique] Volodarsky opõe a essa moção aquela que foi adotada pelo comitê central. Durante a votação, numerosos bolcheviques comissários do povo [equivalentes aos ministros de um governo burguês] como Rikov, Noguin, Lunacharsky, Miliutin, Teodorovich e Riazanov, assim como alguns responsáveis do partido como Zinoviev, Lozovsky e Riazanov votam contra a resolução apresentada pelo seu próprio partido.
Lenin, num manifesto que se difunde por todo o país, chama os dissidentes de desertores. Em outras palavras, o regime interno dos bolcheviques vai para o espaço e as frações políticas do partido se expressam publicamente. Segundo Broué, Lenin não admite qualquer tipo de vacilação: se a oposição não aceita as decisões da maioria, ela deve abandonar o partido
A cisão seria um fato extremamente lamentável. Contudo, uma cisão honrada e franca é, na atualidade, mais preferível do que uma sabotagem interna e o não cumprimento de nossas próprias resoluções.[2]
Não houve a cisão. A oposição é condenada pelo conjunto dos militantes e pelas passeatas de operários e soldados que haviam aprovado a insurreição. Kamenev, Miliutin, Rikov e Noguin assim como Zinoviev, seguem no partido. Segundo Broué, Zinoviev escreve no Pravda de 21 de novembro de 1917
Nosso direito e nosso dever é advertir o partido de seus próprios erros. Contudo, permanecemos com o partido. Preferimos cometer erros com milhões de operários e soldados e morrer com eles do que nos separarmos deles nesta hora decisiva da história. Não haverá, não pode haver uma cisão no partido.[3]
Os fatos acima descritos mostram com precisão como era maleável o regime interno dos bolcheviques e como funcionava o centralismo-democrático frente às questões políticas transcendentais concernentes aos destinos da revolução de Outubro. A democracia interna é elevada à enésima potência e as opiniões divergentes são expostas publicamente, todos os militantes são chamados a decidir e até mesmo a massa de operários e soldados interveio nos rumos do partido. Assim era o partido de Lenin. Assim não foi o partido de Stalin.

Os debates sobre a guerra ou paz com a Alemanha imperialista
Os tempos posteriores a Outubro colocaram os bolcheviques em imensas discussões internas para poderem decidir os rumos da primeira revolução socialista da história. Formaram-se, em distintas ocasiões, grupos, tendências, frações internas e frações públicas, como era, então, a tradição do partido bolchevique.
Um dos casos mais importantes foi sobre a continuação ou não da guerra contra a Alemanha imperialista. Desde o começo do I Guerra Mundial, a ditadura tzarista havia feito um bloco beligerante ao lado da França e Inglaterra contra a Alemanha, Itália e o império austro-húngaro. Lenin, então exilado na Suíça, redige um manifesto do Comitê Central do partido em que afirma
Não há dúvida alguma de que o mal menor, desde o ponto de vista da classe operária e das massas trabalhadoras de todos os povos da Rússia, seria a derrota da monarquia tzarista que é o mais bárbaro e reacionário dos governos, o que oprime o maior número de nacionalidades e a maior proporção da população da Europa e da Ásia.[4]
A revolução de outubro materializou o pensamento leninista. No entanto, a derrubada do czar ainda manteve, em tese, a Rússia na guerra contra o imperialismo alemão. Assim relata Broué
para o governo bolchevique, a paz se converte numa necessidade absoluta, tanto para satisfazer o exército e o campesinato, como também para ganhar tempo com vistas à  revolução na Europa.  A manobra é delicada: é preciso, simultaneamente, negociar (a paz) com os governos burgueses e lutar politicamente contra eles, isto é, utilizar as negociações como uma plataforma de propaganda revolucionária. Há que se evitar qualquer aparência de compromisso com um ou com o outro dos bandos imperialistas.[5]
As negociações se iniciam na cidade de Brest-Litovsky em novembro de 1917, ou seja, imediatamente após a revolução, entre uma delegação russa e uma alemã, já que o outro bando imperialista – França e Inglaterra, aliados dos czares – se negou a delas participar. Um armistício é assinado em 2 de dezembro, permanecendo os exércitos russo e alemão inamovíveis em suas respectivas posições territoriais. As conversações de paz começam em 22 de dezembro e Trotsky é designado pelo governo soviético para encabeçar a delegação russa.
Em 5 de janeiro, o governo alemão, através do general Hoffman, coloca na mesa a proposta do imperialismo: a Polônia, Lituânia, Rússia branca e metade da Letônia – todos eles territórios da então Rússia –devem permanecer ocupadas pelo exército alemão. É dado aos soviéticos apenas dez dias para dizer se aceitam, sim ou não. Se sim, a paz é assinada. Se não, a guerra continua.

As três posições do comitê central dos Bolcheviques
Segundo Broué, a delegação russa abandona Brest-Litovsky com uma posição baseada nas propostas de Trotsky
Devem os bolcheviques ceder ao facão que ameaça com decapitá-los? Podem opor resistência, como sempre disseram que fariam em semelhante circunstância, declarando a ‘guerra revolucionária’? Nem Lenin, que defende a primeira dessas posturas, nem Bukarin, partidário da segunda, conseguem a maioria no Comitê Central, que, por último, resolve seguir a posição de Trotsky por 9 votos a 7, que é colocar um fim à guerra sem assinar a paz.[6]
No entanto, no dia 17 os alemães lançam um grande ofensiva nas frentes de guerra. Lenin propõe ao Comitê Central retomar as negociações de paz com a Alemanha. Novamente Lenin perde e sua proposta é derrotada por 6 a 5. Bukarin se junta a Trotsky e impõem retardar o recomeço das negociações de paz até que fique claro o rumo da ofensiva alemã e seus reflexos no movimento operário dos dois países.
No dia 18 o Comitê Central volta a se reunir, já que o avanço das tropas alemãs é profundo e rápido na Ucrânia, país que, a época, fazia parte da Rússia. Lenin, ao saber disso, propõe recomeçar as negociações, Trotsky o acompanha nessa votação e ela é aceita por 7 votos a 5.
o governo soviético, em consequência, tomará de novo contato com o Estado Maior alemão, cuja resposta chega no dia 23 de fevereiro. As condições se tornaram ainda piores… Desta vez se exige a evacuação da Ucrânia, Livônia e Estônia. A Rússia vai ser privada de 27% de sua superfície cultivável, de 26% de suas vias férreas e de 75% de sua produção de aço e de ferro.[7]
O tratado que mutila a Rússia é assinado no dia 3 de março de 1918 em Bret-LitovskyA retirada da guerra foi um dos principais objetivos da revolução e uma das prioridades do recém-criado governo bolchevique. Impopular entre os russos devido às imensas perdas humanas – cerca de quatro milhões de mortos- essa guerra havia trazido fome para todo o povo e uma desmoralização e decomposição do exército do czar frente às derrotas nos campos de batalha. Contraditoriamente, ela foi um dos fatores vitais para o sucesso de Outubro, já que os soldados, em sua imensa maioria camponeses, foram ganhos para a política dos bolcheviques pela oposição principista do partido ao confronto armado.
Os termos do Tratado de Brest-Litovski eram humilhantes. Através deste, a Rússia abria mão do controle sobre a Finlândia, Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), Polônia, Bielorrússia e Ucrânia, bem como dos distritos turcos de Ardaham e Kars, e do distrito georgiano de Batumi. Estes territórios continham um terço da população da Rússia, metade de sua indústria e nove décimos de suas minas de carvão.

O regime e os ‘comunistas de esquerda’
A decisão do Comitê Central de aceitar a paz com os imperialistas alemães, longe de aquietar os bolcheviques e fazer com que a minoria acate a decisão da maioria (como muitos poderiam pensar que funcionava o regime interno e o centralismo-democrático dos revolucionários de 1917) provocou ainda mais discussão no partido. Bukarin e Uritsky, ambos membros do Comitê Central, junto com Piatakov, presidente dos Comissários do Povo em Kiev e Vladimir Smirnov, dirigente da insurreição de outubro em Moscou. O grupo se afasta de suas funções e retomam a liberdade de agitação dentro do partido. Segundo Broué
o comitê regional de Moscou declara que deixa de reconhecer a autoridade do Comitê Central até que se leve a cabo a reunião de um Congresso extraordinário (…)
Baseado numa proposta de Trotsky, o Comitê Central vota uma resolução que garante a Oposição o direito de se expressar livremente no seio do partido. O jornal moscovita dos bolcheviques, o Social Democrata, empreende uma campanha contra a aceitação do tratado (de Brest- Litovsky) desde o dia 2 de fevereiro. A República soviética da Sibéria se nega a reconhecer a validade (do tratado de paz) e permanece em estado de guerra coma Alemanha.[8]
Essa descrição de Broué mostra toda a versatilidade o regime interno dos partido enquanto Lenin viveu; como é necessário adaptar essa estrutura organizativa aos desígnios da luta de classes e às decisões que todos os militantes do partido deveriam tomar.
Contrariamente ao que o stalinismo divulgou posteriormente, não há Comitê Central todo-poderoso e monolítico, não há “direção histórica” de Lenin e Trotsky que conseguiriam, organizativamente, impor suas posições de cima a baixo pelas goelas dos militantes.
Diga-se de passagem, não há nada de excepcional nessa divergência que se materializou em frações públicas. Não seria a primeira vez, como já vimos nas discussões sobre a insurreição, nem a última em que as travas organizativas pudessem impedir as discussões entre os bolcheviques. Mais a frente, nas páginas de Broué sobre o partido bolchevique, pode-se ver que é sob a batuta do stalinismo que se encerrará toda e qualquer discussão no seio do partido. Dessa maneira, o bolchevismo será sepultado. Como diria Trotsky cerca de 10 anos depois, Stalin será o coveiro da revolução.
Narrando a logica das frações publicas, Broué afirma
no dia 4 de março, o comitê do partido em Petrogrado publicou o primeiro número de um jornal diário, o Kommunist, cujo comitê de redação está formado por Bukarin, Karl Radek e Uritsly, e que será, daqui em diante o órgão público da oposição, cujos integrantes serão conhecidos como ‘comunistas de esquerda’.[9]
O Congresso do partido é realizado, tal qual pleiteia a oposição, mas estes ficam em minoria e suas teses são derrotadas. Nesse Congresso, entre outras coisas, a fração bolchevique abandona em definitivo o nome de social–democracia, que daqui em diante ficará propriedade até os dias atuais de todos os mencheviques que rastejam por esse mundo afora. É adotado o nome de partido comunista russo (bolchevique).

A continuidade legal da fração após o Congresso
No entanto, as discussões sobre fazer ou não a guerra revolucionária contra a Alemanha imperialista seguem. O jornal público da oposição, o Kommunist passa a ser semanal. Porém, o panorama muda radicalmente pouco tempo depois. Em 25 de maio de 1918, estala a guerra civil contra os inimigos da revolução de outubro que se sublevaram militarmente, guerra que permanecerá por cerca de dois anos e meio.
Em junho, a ala esquerda do partido Socialistas Revolucionários, os SR, que fazia parte do governo soviético, “decide empreender uma campanha terrorista com o objetivo de que se recomece as hostilidades contra a Alemanha. Por ordem do seu Comitê Central, um grupo de SR de esquerda, do qual faz parte o jovem Blumkin, membro da Checa, comete um atentado com êxito contra a vida do embaixador da Alemanha, o conde Von Mirbach. Outros SR de esquerda, que também pertencem à Checa, prendem alguns responsáveis comunistas e tentam provocar um levantamento em Moscou.”[10]. Os comunistas de esquerda, com Bukarin à frente, vão participar da repressão aos SR de esquerda e se integram por completo nas frentes de batalha da guerra civil.
Um ano mais tarde, em 13 de março de 1919, Segundo Broué, Lenin assim se referirá aos episódios das divergências sobre o tratado de paz com a Alemanha imperialista e sobre os “comunistas de esquerda” dos bolcheviques
A luta que se originou em nosso partido no ano passado foi extraordinariamente proveitosa: suscitou inumeráveis choques sérios, porém não há luta que não tenha choques.[11]
Assim Lenin compreendia as divergências internas, como algo fecundo, positivo para o partido. A democracia era o pré-requisito para a unidade na ação e o mais eficaz antídoto contra toda e qualquer divisão do partido. Assim era o partido bolchevique!


Bibliografia
BROUÉ, Pierre. El partido bolchevique, Editorial Ayuso, 1973, Madrid
LENIN, Vladimir. Oeuvres Complétes, Tomo XXVI,
[1] Broué, 139
[2] Lenin, 293
[3] Broué, 139
[4] Broué, 107
[5] Broué, 155
[6] Broué, 156
[7] Broué, 157
[8] Broué, 158
[9] Broué, 158
[10] Broué, 162
[11] Broué, 162

domingo, 12 de outubro de 2014

SOBRE O PRIMEIRO TURNO E O QUE FAZER NO SEGUNDO DO PONTO DE VISTA DOS QUE DEFENDEM O DESENVOLVIMENTO DA LUTA DE CLASSE A PARTIR DE SUA REORGANIZAÇÃO.

Economistas prenunciam grande possibilidade de crise econômica grave para o Brasil, semelhante a já ocorrida nos EUA há alguns anos, na qual houve a desvalorização dos imóveis. E certamente a saída que será apresentada por ambos os candidatos que concorrem ao segundo turno, dessas eleições presidenciais de 2014, será: Estado mínimo, ou seja, demissões em massa; privatizações, que acarretará no aumento desenfreado de preços de tarifas públicas como já vem ocorrendo com as contas de luz e, principalmente mais dinheiro do orçamento da união aos banqueiros, que significará corte de verbas (já minguadas) para saúde, educação, previdência, saneamento público etc...

Ocorre que nesse primeiro turno das eleições presidenciais, desgraçadamente prevaleceu a divisão e a inércia ou “conservadorismo” das respostas políticas e teóricas dos partidos da esquerda legalizada (o que dificulta uma reação organizada da classe) que, por um lado se apresentou de forma oposta a de educar ou conscientizar a classe, com o exemplo prático, da necessidade da unidade política e sindical acima de qualquer sacrifício individual ou interesse partidário, já que o que vimos foi, ao contrário disso, cada um se apresentando nas eleições com seu candidato próprio no pleito mais importante (que não demandava nenhum interesse eleitoral, como por exemplo, a importante necessidade de se ter um coeficiente eleitoral maior para eleger deputados, que infelizmente foi o que CENTRALMENTE moveu algumas coligações regionais). Aqui, faltou não a unidade sem princípios, eleitoreira e não programática das esquerdas, mas sim uma batalha real por essa unidade, em cima de alguns princípios gerais comuns a todos e não apenas formal isso, em nome dessa necessidade da classe e da luta de classe, por parte dos partidos ditos mais consequentes. Busca pela unidade que em si fosse um exemplo de solidariedade de classe, humildade e boa vontade que inspirasse a consciência geral de classe.

Por outro lado, esses partidos continuam sem uma elaboração política revolucionária a altura das transformações estruturais da época que vivemos, sem uma resposta teórica capaz de dar confiança e certeza de resultado concreto aos milhões de explorados, o que deveria ocorrer se apontasse uma estrada sem buracos ou desvios, logicamente uma saída socialista que indicasse um caminho diferente do que tem mostrado esse socialismo limitado apresentado até hoje, já que esse caminho que ainda se acredita dever seguir, a classe já trilhou e percebeu a duras penas que é caminho de perdido, pois por ele sempre se volta ao ponto de partida, mas somente após passar por terríveis penhascos e precipícios, mostrando que estamos definitivamente, carentes de uma saída que de fato corte o mal pela raiz e impossibilite a existência de desvios e vícios ou que não nos deixe tortos aponto de nos fazer andar em círculos.

A realidade tem se encarregado de mostrar com seus absurdos inimagináveis que estamos entrando em um período histórico onde não se consegue acreditar, onde não se consegue o ideal ou se ter ideologias ideais, talvez por que a realidade está realmente parecendo impossível de se crer como diz a celebre frase (“Creemos em La utopia porque La realidad nos parece imposible”). Sonhos são abstrações fantásticas que a mente faz da realidade, buscando moldá-la, e fantasias quando são inconscientes, quando não são idealizadas em cima de desejos conscientes concretos, mas de perturbações alheias ao que se deseja, geralmente manifestam-se em forma de pesadelos extremamente assustadores. Por isso nos tem que ser permitido o direito de sonhar conscientemente, o direito de acreditarmos e defendermos utopias ou de sonharmos com um mundo melhor e ideal.

O que precisamos realmente é garantir o direito de termos o sonho de construirmos um mundo melhor por meio de uma ideologia, de uma ideia que nos inspire e garanta segurança e eficácia em uma mudança real, “infalível” e verdadeiramente superadora em todos os aspectos, ou seja, que de fato seja sediciosa e transformadora para desse modo ser superada essa carência de perspectiva revolucionária, essa crise ideológica que é a condição que a classe se encontra e que a faz não acreditar mais ou desconfiar profundamente das ideologias transformadoras do mundo, que é o que está estagnando o proletariado enquanto classe revolucionária, mesmo nunca tendo parado de lutar por sua sobrevivência, no entanto a feito se afastar ou distanciar-se política e ideologicamente das esquerdas, diferentemente da época que reivindicava como seu, o socialismo defendido por esquerdas inclusive asquerosas, por de fato acreditar que o mesmo poderia transformar suas vidas. O fato é que isso ocorre por que as “bandeiras vermelhas” mais que se desbotaram com o tempo, elas, por defenderem a moeda ou os meios de troca e na verdade também serem expressão dos mesmos, desvalorizou-se em relação ao capital em si (sendo degenerada pelos mesmos) e praticamente “perderam seu valor monetário”.

Fundamentalmente, essa postura também se mostrou nos grupos revolucionários ainda ilegais e na grande maioria da vanguarda lutadora “consciente” que nem ao menos soube ou quis apontar a necessidade da unidade da classe dando o exemplo em torno de um programa mínimo. Como consequência a isso, não pode aproveitar a oportunidade para ajudar a construir alguma referência política concreta à esquerda dentre das que já se apresentavam que ajudasse a classe a unir-se e a ter uma bandeira política que seria de grande importância mesmo sendo limitada, pois a simples disposição dos grupos em apoiar um candidato seria extremamente educativa, mostrando unidade, objetividade comum, força e razão, por simplesmente todos apontarem o mesmo caminho sem nenhum interesse escuso por trás, mas ao contrário disso preferiram se anular dessa tarefa, fazendo um chamado genérico ao voto nulo, ou ao voto dito útil em Dilma Rousseff, vista por muitos como menos mal.

A consequência de tudo isso está explicita para todos. A esquerda, de uma forma geral, está mais desacreditada e isolada que antes e a própria vanguarda está desolada e logicamente, por sua vez, a classe continua sem ter desenvolvido o mínimo de consciência política.
Sem terem construído uma referência alternativa de classe, que aludisse esperança num futuro próximo, alguns se desesperam em ter que justificar seu voto contra a direita descarada, na também direita, mas disfarçada. Apoio esse que terá como consequência futura o aumento do reacionarismo dos setores mais atrasados da classe contra as esquerdas de uma forma geral.

Então, só resta àqueles que objetivam o desenvolvimento da consciência de classe dos trabalhadores e de suas lutas um chamado crítico e autocrítico ao voto nulo de forma prática com uma política de reorganização da esquerda e de cada grupo em si, pois urge à classe a necessidade de discutir a sua situação atual, o que fazer e como fazer para melhorar sua situação atual e nenhum partido ou grupo pode fazer isso isoladamente se não o conjunto da esquerda incluindo anarquistas e obviamente a vanguarda lutadora de uma forma geral. Está na hora de uma reorientação teórica, política, metodológica e programática para o conjunto da esquerda, não necessariamente com o objetivo de unificá-la, mas de mudar seus conceitos gerais e de unificar as lutas da classe em torno a um objetivo estratégico comum ou ao menos isso tem que ser feito para dar condições à classe como um todo poder fazer isso.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014



POR UMA NOVA RESPOSTA MARXISTA, REVOLUCIONÁRIA E DE CLASSE.

Tudo muda no mundo o tempo todo e é um fato que o tipo de revolução defendida inclusive pelos revolucionários honestos, ou seja, por aqueles que verdadeiramente objetivavam e objetivam a revolução, até então, não se desdobrou numa real transformação revolucionária da sociedade e do homem em si, então só podemos concluir que inclusive a revolução precisa ser revolucionada.
Precisamos realmente entender o que está desvirtuando todo processo revolucionário que tem surgido no mundo, pois as explicações dadas até agora tem sido sobre as consequências e não sobre a causa.
Explicações que atribuem todos os fracassos revolucionários ao fator subjetivo: as direções traidoras, além de essa explicação sugerir certo idealismo ante materialista: o subjetivo determinando o objetivo, não explica ou esconde o que faz esses setores, as tais direções traidoras, (que de certa forma acabam sendo todos que participam do processo, incluindo os críticos das mesmas, devido, com suas políticas estéreis nunca conseguirem desmascará-las, ou fazer melhor que as mesmas) sempre existirem, sempre triunfarem até mesmo quando ocorre a revolução;
Por outro lado, achar que são as condições objetivas adversas que surge das crises revolucionárias que forjam as derrotas é como dizer que uma revolução nunca irá triunfar completamente, pois essas condições sempre irão existir em todo processo revolucionário que for levado às últimas consequências, PORTANTO, ESTÁ NA HORA DE TOMARMOS CORAGEM DE ENFRENTARMOS ESSA REALIDADE ABSURDA COM RESPOSTAS QUE SEMPRE, OBJETIVA, INCONSCIENTEMENTE E TAMBÉM CONSCIENTEMENTE, FOMOS SEMPRE CONDICIONADOS A ACREDITAR SEREM IGUALMENTE ABSURDAS;
Tá na hora de percebermos que não basta apenas expropriarmos a burguesia e acreditarmos que seremos honestos o suficiente para fazermos uma reforma por meio de uma simples distribuição justa do principal veneno do homem, aquilo que o tem degenerado, desvirtuado e corrompido, até mesmo por meio das formas mais simplórias de sua existência como o escambo; Tá na hora de defendermos uma revolução que dê as condições não de APENAS termos acesso a bens materiais, MAS QUE, ALÉM DISSO, possibilite a evolução do conjunto da humanidade que jamais deixará de ser mesquinha enquanto tiver que comprar o seu bem estar por meio do dinheiro que é o objeto que nos tem tornado também em objetos, ou meras mercadorias, por meio do poder que atribuímos a ele e que o faz mais importante até mesmo que nós mesmos, nos tornando seus dependentes. Tá na hora de defendermos uma sociedade socialista de direitos, onde quem trabalha tem direitos, racionalizando a distribuição das mercadorias por meio do desenvolvimento tecnológico atual que tem posto em evidencia a atualidade e vitalidade do Marxismo e do materialismo histórico e dialético.
“Uma formação social nunca decai antes de estarem desenvolvidas todas as forças produtivas para as quais é suficientemente ampla, e nunca surgem relações de produção novas e superiores antes de as condições materiais de existência das mesmas, terem sidas chocadas no seio da própria sociedade velha.”
(Marx, Prefácio. In: Para a crítica da economia política.)
FALANDO SOBRE ELEIÇÕES E TÁTICA DOS GRUPOS REVOLUCIONÁRIOS E O POR QUÊ DE Zé Maria SER A OPÇÃO CORRETA NAS ELEIÇÕES PARA OS QUE QUEREM QUE A CLASSE VOLTE A LUTAR.
(Publicado para a campanha eleitoral de 2014)
As eleições representativas burguesas são parte do jogo dos poderosos para que nós, por meio de nosso voto, legitimemos suas instituições de poder, ou seja, seus mecanismos “legais” de controle sobre a sociedade, as usando como um meio para nos fazer responsáveis por nossa opressão e exploração e inclusive responsáveis pela própria decadência e imoralidade desse sistema.
A frase “celebre” que eles utilizam é: “Se a maioria dos políticos eleitos são ladrões a culpa é do povo que escolhe mal seus representantes” e dizem que para melhorar basta se tirar os corruptos, os ladrões e incompetentes e votarmos nos “honestos” e capazes, como que o problema central em questão não fosse o fato de essa sociedade ser, na sua essência, estruturalmente injusta devido a desigualdade social que produz; como que ela apenas fosse conduzida de forma equivocada de modo que acabasse causando algumas injustiças pontuais que, ainda por cima, seriam consentidas por nós mesmos, o que, nessa lógica, nos tornaria responsáveis por questões que poderiam ser erradicadas se o povo, segundo esse pensamento, não fosse, em sua maioria, pessoas incapazes ou de má índole, mal caráter, gananciosos, oportunistas, interesseiros etc.
Mas isso, na lógica dessa ideologia subjetivista/idealista que nos responsabiliza pela existência e manutenção dos desequilíbrios sociais, políticos e econômicos e da degradação do homem e da natureza, quando na verdade seria ela própria (a visão invertida da realidade que nos coloca como centro de tudo, como que tudo girasse ao nosso redor) um dos principais sustentáculos dessa realidade, por desviar nossa atenção do verdadeiro problema que deveríamos enfrentar (as relações de produção capitalistas ou as sob controle burocrático) ao fazer as pessoas acreditarem que somos e vivemos assim devido a nossa própria natureza, o que as leva a ilusão de acreditarem que poderiam mudar; serem pessoas melhores vivendo melhor, num mundo onde essencialmente tudo que se produz são a injustiça e a degeneração humana, que por sua vez não nos dão condições para se vivermos melhor e que, portanto não produz condições materiais, concretas e objetivas para se mudar, mas sim o contrário, pois nos pressiona a todo instante a abandonarmos a nossa humanidade e a nossa racionalidade para sermos meros sobreviventes a qualquer custo.
Isso é assim por que toda e qualquer sociedade de classe, direta ou indiretamente, é que controla os seus dominados e não o contrário. Se não quando por meio do convencimento coercitivo e condicionamento, então diretamente através da força, pois só assim se obtém dominados que possibilitam a existência de sociedades de classes. Em outras palavras é o sistema ou as condições materiais de existência, consequência de relações de produção injusta e de séculos de opressão e exploração, que é responsável por fazer o povo ter uma inclinação quase que natural ou compreensível, a aceitar ser dominado e a ser corruptível e de uma forma geral, ser alienado e degenerado.
O “poder do voto”, portanto tem a função de nos convencer que estamos no controle e que, por essa razão, o sistema funciona que é são, pois desse modo, nós é que seríamos o problema, quando na verdade é ele, o sistema econômico, político e social, o qual é sempre a personificação funcional de uma determinada sociedade de classes (no caso aqui a capitalista), que proporciona toda a espécie de corruptos e corruptores que nos indignam, além de principalmente todas as mazelas sociais às quais somos submetidos, o que o obriga objetivamente a pressionar todos que fazem ou passam a fazer parte das engrenagens de funcionamento do mesmo, inclusive até muitos políticos ditos “honestos” eleitos pelo “nosso” voto, a seguir e até mesmo a impor suas diretrizes de controle social sobre a maioria explorada da sociedade, degenerando o homem em todos os aspectos o tempo todo e de todas as formas, simplesmente por que a diretiva funcional das sociedades de classes ou de privilegiados e principalmente dessa sociedade capitalista (o que dá sentido as mesmas e as move) é que só se vence na vida enriquecendo ou conquistando algum tipo de poder.
E isso obviamente significa que para vivermos bem nessas condições, é necessário sermos melhores que os outros, tendo assim que sermos individualistas, pois para que exista um rico é necessário que vários sejam pobres, para que um tenha privilégio é necessário que alguém o sirva se submeta a condição de seu serviçal e para que alguém aceite essa submissão, só estando com a corda no pescoço ou se for condicionado a gostar de ser subalterno, só sendo em nome da sobrevivência, a qual conseguirá se aceitar essa certa humilhação, mas obviamente a maioria desses apenas sobrevive e mesmo assim a muito custo.
Sendo injusta na sua essência, essa sociedade só poderia sobreviver se valendo do poder de corrupção daquilo que verdadeiramente a possibilita existir nas condições atuais: o poder do dinheiro que a modernizou e tornou-se sua “alma” seu oxigênio sem o qual a mesma não conseguiria mais existir.
Devido a essa realidade do sistema eleitoral burguês é imperativa a pergunta: que tipo de sistema eleitoral então se deveria defender para substituir o atual? É obvio que o maior problema aqui é a representatividade que é deliberativa e não organizativa/administrativa e subordinada àqueles que representam. Não podemos mais outorgar a alguém poderes para deliberar o que lhe for conveniente e até contra nós mesmos, seus eleitores. Assim ao invés de votar em alguém para decidir por nós, deveríamos votar nas próprias questões a serem decididas, a serem deliberadas e os eleitos teriam basicamente a função de administrar, programar e ratificar as decisões e criar projetos para serem discutidos e votados por todos exceto as questões urgentes que poderiam ser encaminhadas, mas sujeitas a veto posterior ou punição, se ferem os interesses e prejudicam a maioria.
Mas para construirmos um regime político que possibilitasse isso, grandes transformações sociais teriam que ocorrer, portanto temos que aos poucos ir construindo as condições para que um dia esse tipo de sociedade possa surgir e para isso primeiro precisamos entender que não conseguiremos nada não tentando sabotar e desmantelar as armas dos nossos opressores, nos abstendo de lutar no campo que o inimigo utiliza para nos derrotar que é o campo eleitoral, anulando o nosso voto ou simplesmente não indo votar como forma de protestos, pois na prática isso só deixa os nossos opressores livres para nos oprimir e nos controlar, já que além de ser uma ação vazia por não construir nada concreto em alternativa, nenhum entrave na própria arma do inimigo, é uma falsa forma de protestos, pois na apuração da votação só são considerados os votos validos, mesmo que só tenham votado apenas meia dúzia de pessoas, ou seja, mesmo que só os familiares e amigos do candidato tenham votado nele, ainda assim, a eleição seria considerada válida.
Assim, nessas condições, o voto nulo e a abstenção são até bom para os poderosos e corruptos por ser uma falsa válvula de escape para as pessoas que tenham uma postura crítica do sistema e do regime burguês, pois só os fazem desperdiçarem seus votos os distanciando de uma ação concreta, no campo das eleições, contra seus opressores. Eles descarregam sua raiva votando nulo ou se abstendo e os políticos ficam rindo dos seus gritos por que é essa ação como um todo que é NULA, ou seja, em si não anulam nada, não atinge nada, os gritos não desmontam o regime, vão todos para fora do campo em disputa, por que os políticos e a classe dominante é esperta e não só estão protegidos contra essa ação como se beneficiam dela.
Quem ainda defende o voto nulo ou a abstenção na verdade ainda não entendeu a legislação eleitoral burguesa ou tem ilusões no regime democrático burguês achando que o mesmo é democrático, achando que o mesmo nos daria essa opção de anularmos sua eleição que é o seu menino dos olhos de ouro da dominação de classes. O VOTO NULO É UMA FORMA DE EXPRESSÃO POLÍTICA LEGITIMA E DEMOCRÁTICA, MAS SÓ TERÁ VALOR DE FATO APÓS ESSE SISTEMA FOR DERROTADO.
Assista a esse vídeo sobre o voto nulo na legislação burguesa:https://www.youtube.com/watch?v=v4PszosGZBk
Desse modo o que nos resta é participarmos das eleições sem ilusões ou grandes pretensões políticas ou de obtenção de algum resultado em curto prazo, na verdade sem ter os mesmos objetivos dos candidatos burgueses e oportunistas, pois o nosso objetivo deveria ser se aproveitar desse espaço criado pelo inimigo para criarmos o nosso próprio campo de batalha ou meio de transformações sociais que só existirá por meio da união e conscientização da classe. Por isso todos os setores que de alguma forma a representam precisam aglutinar-se com esse fim comum.
O que não se pode aqui é dizer ou acreditar que por meio das eleições, ou seja, de uma vitória eleitoral, a classe trabalhadora alcançaria seus objetivos históricos, que um partido operário revolucionário uma vez vencendo as eleições acabaria com todas as injustiças sociais e que participar das eleições seria a saída para a classe. Isso já foi feito aqui no Brasil pelo PT e vimos no que deu.
O que deve ser feito é utilizarmos o período de debate político que as eleições propiciam para abrir um diálogo com a classe ou um setor importante da vanguarda sobre que tipo de alternativa ideológica ou que tipo de políticas os moveria, permitindo que eles mesmos façam isso, que construam o seu próprio diálogo em cima do programa do candidato e isso se daria com cada um (falo cada pessoa, grupo ou movimento político, mesmo os apartidários) defendendo o mesmo candidato, logicamente o que considerem com o programa mais revolucionário e mais inserido nas lutas e mais classista que exista, dizendo o que ele deveria fazer ou o que deveria ser feito e como se efetuar concretamente uma mudança real na sociedade.
Isso seria para dar espaço e voz a todos que desejam mudar os rumos da luta de classes, tornando-os sujeitos desse processo, utilizando-se inteligentemente das eleições de forma que possibilitem que contribuam e ajudem a construir um programa revolucionário e com isso principalmente uma nova perspectiva de luta, o que certamente criaria um campo de unidade classista democrático em torno de uma candidatura que objetivamente fizesse avançar as lutas e a politização da classe e dessas lutas, concretizada por meio de uma ampla discussão, feita de um modo que um determinado ponto de vista ou caminho considerado por uns como o certo a se seguir não desmereça os demais, criando assim um espaço que sirva como ponto de referência para a elaboração coletiva, formação e aglutinação da vanguarda dispersa.
Pois, embora muitos ativistas de base tenham simpatia pela esquerda revolucionária, de uma forma geral, não se dispõem a fazer parte de nenhum grupo ou partido específico por considerá-los impotentes enquanto grupos isolados e por não os conhecerem o suficiente e também devido a desconfiança que existe em relação à esquerda de uma forma geral, em consequência da experiência negativa com o PT e do desastre que significou as ditaduras burocráticas do leste europeu, difundidas intencionalmente pela classe dominante e pelo Stalinismo como exemplos de sociedades, economias e regimes socialistas, o que os levaria, devido a isso, a acreditarem que esses grupos e partidos não seriam a extensão dos anseios e das necessidades da classe explorada e oprimida, ou seja, deles mesmos.
Penso que esse candidato aglutinador para esse mar de divisões onde se encontra a esquerda revolucionária, só poderia ser o que menos se desvinculou dos princípios gerais do movimento operário e do marxismo revolucionário, que são a independência de classe, a democracia operária e o internacionalismo, embora aqui possam existir discordâncias por parte de alguns sobre isso devido algum erro grave ou não, ocorrido em virtude das pressões sociais existentes sobre todos os grupos, partidos e movimentos sociais, o candidato Zé Maria de Almeida, sempre defendeu esses pontos como seus princípios, diferente dos que possuem origem no stalinismo ou dos que caminham de mãos dadas com a socialdemocracia.
Portanto, os seus possíveis desvios cometidos são parte da sua formação revolucionária num meio decadente e degenerador como o que vivemos e podem ser usados como exemplo para nos educar e nos “vacinar” contra a pressão social exercida pelo capital, ou seja, penso que só dessa forma, encarando e buscando superar as possibilidades que surgem para errarmos e nos desviar do caminho é que será possível se construir algo novo. Zé Maria é o único candidato de origem operária que não se vendeu e que nunca deixou de organizar a luta e a classe e que jamais aceitou dinheiro de empresas ou grupos privados. O programa que defende pode não ser perfeito para todos, mas nada impede ninguém de defender um determinado candidato e dizer o que ele deveria fazer e defender o que espera dele.
O importante aqui é cada um demonstrar que quer a unidade dos que lutam contra o nosso inimigo comum, não importa que a bandeira de luta erguida esteja quebrada ou rasgada, o que importa é que uma vez ela erguida será uma referencia àqueles que querem lutar, será um ponto aglutinador de muitos que quando chagarem poderão concertá-la ou trocá-la se for o caso.
Para os que dizem que não querem servir de muleta para o PSTU, que não aceitam fortalecê-lo enquanto legenda eleitoral. Acreditem, é a classe e vocês mesmos que estariam sendo fortalecidos, por que a unidade, a mobilização e a conscientização da classe, mesmo que seja mínima é a nossa estratégia e não as eleições e é isso que fundamentalmente conseguiríamos, Assim, o que importa se isso acontecer, se o PSTU se tornar um partido eleitoreiro, já que as eleições burguesas não são importantes para nós, já que é com a classe mobilizada e consciente que acreditamos que é por onde poderão ocorrer as transformações sociais que defendemos e com ela mobilizada e lutando pelos seus objetivos, todos os oportunistas acabarão por se distanciar dela.
O fato é que nesse momento se nos unirmos estaremos construindo uma referência, um caminho por onde a classe deva seguir e nós, ao não fazer isso, estaríamos fazendo o jogo do inimigo. Assim, por que não fazer agora, apoiando o único candidato operário dessas eleições, que diferente do LULA nunca se vendeu para se eleger, o que certamente todos se mostram pretensos a fazer um dia com as eleições burguesas, caso cresçam o suficiente para isso, usando-o também para desmantelar as armas do inimigo e fortalecer um campo classista que, como sabemos, só existirá se todos os grupos da esquerda revolucionária, mesmos os que são apenas minimamente organizados, resolverem participar.
Assim, coloque uma surpresa dentro das urnas que os nossos opressores usam para nos iludir. Vote nas lutas e na nossa emancipação e conscientização.